quinta-feira, 31 de janeiro de 2019

O que faz um brinquedo ser (ou não) educativo



O que faz um brinquedo, um aplicativo ou um software ser realmente educativo e contribuir para o desenvolvimento da criança? Esta pergunta é respondida num artigo que acabou de sair (janeiro\2019). Nele, duas pesquisadoras de universidades dos EUA organizam as mais recentes informações de estudos científicos sobre o processo de aprendizado humano e os chamados “brain training” para crianças.
Segundo Brenna Hassinger-Das e Kathy Hirsh-Pasek, podem ser considerados efetivamente
educativos os brinquedos, apps e programas que
1 - requerem da criança um processo ativo, e não passivo;
2 - requerem atenção e engajamento, ou seja, não são uma distração para a criança;
3 - envolvem temas e questões do dia a dia da criança, que fazem sentido para ela;
4 - requerem interação humana, sem atividades solo;
5 - têm um claro propósito de aprendizado.
Levando em conta estas cinco características aferíveis, é mais fácil saber o que procurar e o que evitar na seção dos “pedagógicos” das lojas.

O mais interessante no artigo, porém, é a constatação de que existe uma característica crucial entre aquelas cinco. As autoras observam que a (4) interação humana é o “elemento crítico” do desenvolvimento de capacidades via brinquedos, apps e programas. Por esta razão, deram ao artigo o título “Brain training for kids: adding a human touch”.


Entre os estudos analisados, as pesquisadoras citam um que foi feito com crianças de 2 anos: quando engajadas numa conversação fluida, tanto presencial quanto via videoconferência, elas aprenderam perfeitamente duas novas palavras que lhes foram apresentadas; mas quando essas palavras foram apresentadas num vídeo, sem interação, o aprendizado foi nitidamente inferior.

A interação humana tem uma função no próprio desenvolvimento cerebral, segundo as pesquisas. Ajuda a desenvolver o chamado controle proativo, resultado de “mecanismos neurais no córtex pré-frontal, que colhem informações do ambiente e permitem inferir o que deve acontecer em seguida”. O suporte do adulto, ou ao menos de uma pessoa mais madura que a criança, seria o motor desse mecanismo, com interações que permitem trocas divertidas, que favorecem o aprendizado.

“Se os humanos aprendem por meio de um cérebro socialmente sensível, e há muitas evidências disso, então o melhor treinamento cerebral para crianças deve ser por meio da interação humano-humano”, escrevem as autoras, acrescentando uma observação: é justamente essa interação que é “tipicamente sacrificada” quando a criança se senta sozinha com um “brinquedo de treinamento cerebral”.

David Moisés

[ No próximo post, as constatações das autoras do estudo sobre alguns brinquedos, apps e softwares educativos ]


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