quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Pisa: Ler para as crianças rende nota melhor na escola

O exame internacional Pisa, usado para medir o desempenho de estudantes aos 15 anos de idade, avaliou pela primeira vez o impacto dos hábitos de leitura dos pais sobre a proficiência dos filhos. Os resultados confirmam, com números vistosos, o que você encontra no capítulo Como se ensina o prazer da leitura (Prepare as crianças para o mundo, pg.125). Pais que leem para seus filhos pequenos estão formando futuros adolescentes e adultos que lerão mais e melhor, com benefícios na escola e por toda a vida.

É o prazer de ler que se desenvolve quando os pais leem para suas crianças, e o Pisa agora comprova que os benefícios desta relação impactam positivamente a capacidade leitora. Em 11 diferentes países cobertos pela avaliação, os alunos de 15 anos com melhor desempenho em leitura foram aqueles que costumavam ouvir seus pais lerem para eles quando estavam ingressando na vida escolar. Esses alunos têm proficiência equivalente à de colegas que estão pelo menos uma série acima.

O impacto é evidente seja qual for a faixa sócio-econômica. Ou seja, alunos de classe média com esse bom histórico de leitura familiar na infância chegam a ter mais de um ano de vantagem sobre alunos de classe média sem esse histórico. Nova Zelândia e Alemanha são destaque quanto ao impacto positivo na pontuação dos estudantes.

Questionários foram aplicados em 12 países, em 2009, e os resultados acabaram de ser publicados pela Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) no estudo Let’s read them a story! - The parent factor in education. Alemanha, China (Hong Kong e Macao), Coreia, Croácia, Dinamarca, Hungria, Itália, Katar, Lituânia, Nova Zelândia, Panamá e Portugal tiveram estudantes avaliados. Lituânia deu resultados destoantes, mas o estudo não traz explicações para isso.

Contar e cantar

Os dados do Pisa mostram também a maior proficiência em leitura de estudantes cujos pais contavam histórias (mesmo sem lê-las) e cantavam. Já os que optavam por jogos e brincadeiras com palavras e letras isoladas, não tiveram tanto sucesso. Faz sentido: na leitura, na cantação e na contação de histórias há um tipo de prazer que os pais vivem com os filhos, e essa experiência é poderosa.

Agora, com 15 anos de idade, os estudantes líderes em capacidade de leitura e leitura por prazer ainda são impactados pelos hábitos dos pais. Os adultos que conversam mais com seus filhos sobre questões da atualidade, inclusive políticas e econômicas, são os que mais contribuem com a sua proficiência, segundo o estudo.

Mas não adianta criar uma agenda de temas e discussões com fins pedagógicos, ok? O que conta é o interesse genuíno dos pais pelo que sentem e o que pensam seus filhos. É daí que vêm as conversas realmente interessantes, que ajudam os adolescentes a construir seu próprio espaço no mundo. E também a ir melhor na escola, segundo o Pisa.